O Romance Regionalista

O Romance Regionalista surgiu no Brasil em meados do século XIX como uma evolução do Romantismo desenvolvido no pais a partir de 1836. Passando pelos romances Indianista e Urbano, suas características estruturais são mantidas, no entanto, o foco mudou.
No Romance Indianista, o principal objetivo era criar uma identidade nacional baseada no passado das suas origens, porém esse era inventado para que os brasileiros sentissem orgulho de sua pátria. Já no Urbano, a identidade nacional era valorizada de outro modo: descrevendo os valores e costumes da elite das grandes cidades, eram como um manual de boas maneiras e recurso de identificação do leitor com o personagem. O Romance Regionalista chega para mostrar as verdadeiras faces do Brasil para o brasileiro, elevando a formação de uma nação.
Os autores se apropriavam de diferentes regiões do interior do pais e representavam a figura de um brasileiro próprio, sem influências europeias, colocando em confronto o homem do sertão com o homem urbano e o antigo “bom-selvagem”, elementos nacionais.
A forma de circulação desse gênero era por meio dos folhetins, publicados nos jornais brasileiros, assim como acontecia no Urbano, o que possibilitou a democratização da literatura. Escrito em forma de romance com uma linguagem coloquial, mas que mantinha traços das diversas culturas, com a presença de sátiras e críticas sociais, esse gênero criou um novo tipo de leitor: aqueles que se interessavam pelas histórias e aguardavam pela próxima edição, principalmente as mulheres e os moradores de classe média dos centros urbanos.

Pinturas Regionalistas




Autores e Obras do Romance Regionalista



José de Alencar (1829-1877)

Nascido no Ceará, exerceu cargos políticos durante sua vida da qual passou grande parte na cidade do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Principais Obras de Romance Regionalista:

  • O Sertanejo (1875)

  • O Gaúcho (1870)

  • Til (1872)
  • O Tronco de Ipê (1871)

Franklin Távora (1842-1888)



Cearense, atuou politicamente e cumpriu a função de transitor do romantismo para o realismo.


Principais Obras de Romance Regionalista:


        • Um Casamento no Arrabalde (----)

        • O Cabeleira (1876)
        • O Matuto (1878)

        • O Sacrifício (----)

        Visconde de Taunay (1843-1899)


        Membro da elite do Rio de Janeiro, foi defensor da abolição e exerceu cargos militares e políticos ao longo de sua vida.


        Principais Obras de Romance Regionalista:

        • Inocência (1872)

        • A Retirada da Laguna (1871)


        Bernardo Guimarães (1825-1884)

        Nascido em Minas Gerais, promoveu, ao longo de sua vida, críticas ao celibato e exerceu cargos jurídicos

        Principais Obras de Romance Regionalista:



        • O Ermitão de Muquém (1869)

        • O Garimpeiro (1872)
        • O Ceminarista (1872)
        • A Escrava Isaura (1875)
        • O Pão de Ouro (1879)

        Características das Obras dos Principais Autores

        José de Alencar
        (Sul)

        Nesse tipo de romance Alencar se destaca por apresentar heróis regionais ou históricos em suas obras, ele também critica a presença dos portugueses, mas reconhece o valor dessa cultura na formação do pais. Caracteriza-se por revelar um quadro muito próximo da realidade, com uma natureza muito exuberante e menor foco nas mulheres.

        “Quando os seres habitam as estepes americanas, sejam homem, animal ou planta, inspiram nelas uma alma pampa. Tem grandes virtudes essa alma. A coragem, a sobriedade, a rapidez são indígenas de savana.” - trecho de O Gaúcho

        Franklin Távora
        (Nordeste)

        Grande defensor do regionalismo, acreditava na visão separatista das culturas brasileiras (norte e sul). Desse modo, dava importância à necessidade do conhecimento das diferentes regiões para escrever sobre elas. Por conta disso, criticava a produção de Alencar, que, segundo ele, abordava o Brasil como um todo e, portanto não era digno de imprimir um caráter nacional. A maioria de suas obras se passavam em Pernambuco durante o século XVIII e revelavam elementos desconhecidos sobre o norte.

        “Proclamo uma verdade irrecusável. Norte e sul são irmãos, mas são dois. Cada um há de ter uma literatura sua, porque o gênio de um não se confunde com o de outro.”

        Visconde de Taunay
        (Centro- oeste)

        É reconhecido como o mais equilibrado dos românticos regionalistas pelo seu senso de observação e análise e grande conhecimento das terras brasileiras. Desse modo, não dá grande importância aos sentimentos, sendo o mais realista possível. Em suas obras se caracteriza pela presença do falar colonial, o que as torna naturais e populares. Por ser tradicional, dá muito valor à honra e outros valores europeus.

        Quando o sertanejo vai ficando velho, quando sente os membros cansados e entorpecidos, os olhos já enevoados pela idade, os braços frouxos para manejar a machadinha que lhe da o substancial palmito ou o saboroso mel de abelhas, procura então quem o queira para esposa, alguma viúva ou parente chegada, forma casa e escola, e prepara os filhos e enteados para a vida aventureira e livre que tantos gozos lhe deram outrora.” - trecho de Inocência


        Bernardo Guimarães

        Tido atualmente como um autor clichê e criticado por sua falta de originalidade, deu início a esse tipo de romance. A partir da fórmula que criou (herói nobre + patife + heroína apaixonada = conflitos até um final feliz) ganhou muita popularidade e suas obras são caracterizadas pela sua simplicidade e graciosidade.

        “[...]nasceu a linda e infeliz Isaura. Todavia, como para indenizá-la de tamanha desventura, uma santa mulher, um anjo de bondade, curvou-se sobre o berço da pobre criança e veio ampará-la à sombra de suas asas caridosas.” - trecho de A escrava Isaura

        Fontes

        Arte Literária Brasileira - Clenir Bellezi de Oliveira

        ed. Moderna

        pg. 134-158



        Literatura Brasileira - tempos, leitores e leituras - Maria Luiza M. Abaurre e Marcela Pontara

        ed. Moderna

        Capítulo 18



        Português - palavra e arte - Tânia Pellegrini e Marina Ferreira

        ed. Atual

        pg. 161-166



        Literatura Brasileira - das origens aos nossos dias - José de Nicola

        ed. Scipione

        pg. 161